segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Doze Mãos: Cap. 7 e 8


Capítulo sete

A Linda mulher estava agora me roubando daquele lugar e eu não estava nenhum pouco triste por isso. A mulher Loira apontava a arma para cabeça de Higor e gritou olhando para Heitor:
- Todos larguem as armas no chão e soltem o Enricc -com o sotaque francês- senão eu mato o Higorr.
Heitor gritou para seus capangas obedecerem à corajosa Linda mulher e me soltaram. Ela pegou as algemas do bolso de Higor e o algemou com as mãos para trás, lhe aplicou uma gravata e continuou a apontar a arma para sua cabeça fazendo-o de refém para conseguirmos escapar daquele local. Fomos para parte de fora daquele prédio onde havia vários Opalas pretos estacionados. Entramos num dos Opalas. A mulher como motorista e Higor no banco do carona. Eu entrei no banco de trás. Higor nos servia de refém e como vale-transporte para sairmos vivos dali. A loira gritou:
- Se vocês nos seguirem a gente mata o Higor.
Heitor e seus capangas se afastaram dos carros e colocaram as mãos na cabeça temendo o que a mulher pudesse fazer com Higor nos deixando assim fugir sem problemas.
Andamos umas dez quadras até liberarmos o Higor ainda algemado que ficou o tempo todo gritando desesperadamente como mulher no parto:
- Papai, Papaeeee, Papaiii.
Assim que o jogamos para fora do carro passei para o banco do carona e fiquei olhando para a Linda loira curioso. Havia várias perguntas que eu queria fazer: Quem era ela? Por que ela me libertou? Para quem ela trabalha? Para onde estamos indo? Que sotaque francês era aquele?
Vagamos por diversas ruas para não sermos encontrados por Heitor e seus capangas. Estava curioso, mas de tão nervoso nada perguntei até que a Linda mulher loira, que eu agora mais sóbrio, torturado e com menos dentes notei que era nariguda também, falou:
- Acho que estamos seguros agora. -disse ela alegremente.
- Que bom, né! –respondo eu com um sorriso falso e desdentado.
- Bem então agora eu posso tirar essa máscara e essa peruca que estão me incomodando. – falou ela ou ele com uma voz grossa e conhecida.
Eu fiquei duplamente assustado, pois, além dela ou dele, sei lá o que, estar tirando a máscara estava ao mesmo tempo dirigindo. Mas o meu susto maior seria quando eu visse quem estava por trás da máscara.

- O quê! É você Ruy!! –grito eu surpreso.


Capítulo oito


Minha surpresa era grande, mas meu escarro por ter me sentido atraído pela Linda loira, ou melhor, por Ruy foi maior ainda, a ponto de sentir náuseas. Precisava de uma bebida para esquecer aqueles estranhos acontecimentos recentes e, principalmente, para anestesiar a dor que sentia devido ao espancamento que havia sofrido.
Ruy pareceu ler minha mente, pois logo após nos livrarmos de Higor ele rumou para o bar do Sinhô Richard. Fhreddi estava aguardando nossa chegada e, assim que Ruy parou o carro e descemos, ele assumiu o opala e o conduziu a uma garagem escura, onde o carro ficaria longe de olhos curiosos.
Ruy e eu sentamos numa mesa ao fundo do bar, longe da rua e pouco iluminada. Fhreddi chegou em seguida. Sentou-se, trazia consigo três copos de cachaça com refrigerante e, curiosamente, pequeno maçarico. Ruy tomou sua bebida num só gole e ficou a me encarar por um longo tempo. Fhreddi também sorveu rapidamente a bebida e se pôs a me olhar. Sem saber o que eles queriam, perguntei - Que esta acontecendo? -.
- Chega de brincadeiras! Disse Ruy, num tom ameaçador.
- Cansamos de sermos enganados por você! Vociferou Fhreddi.
- Do quê vocês estão falando? disse eu.
- Há meses, tratamos você como um amigo, protegemos você e é assim que retribui?! De hoje não passa! Chega de bancarmos os bonzinhos! Disse Ruy e voltando-se para Fhreddi disse – Acabou a palhaçada!
Fhreddi sorriu de um jeito tão assustador e que senti um arrepio. Pegou meu braço direito e, após derramar minha bebida que estava na mesa, puxou o maçarico portátil. Eu, amedrontado disse que não sabia do que eles estavam falando.
Então Ruy sussurrou - Acho que, depois de tanto tempo, estou ficando sensível, porque vou te dar mais uma chance!
- Não sei do que vocês estão falando! Eu juro!
- Não teste nossa paciência! Gritou Fhreddi.
- Cadê a Hechú? E o código que abre a caixa! A caixa que contém a...
Ruy calou-se de repente e estático, ficou olhando para uma morena que estava sentada no canto oposto a mesa em que estávamos e que até o momento tinha passado despercebida pelos dois interrogadores.
Fhreddi olhou rapidamente para a morena e seus olhos se encheram de medo e dúvida. Eu, sem saber o que estava acontecendo, olhei de soslaio para a mulher misteriosa. Era encantadoramente assustadora. Vestia uma capa negra dos pés ao pescoço.
Ruy levantou-se imediatamente, seus olhos cheios de medo e, sem dizer uma palavra, correu em direção a rua. Fhreddi o seguiu, mas antes de alcançar a rua, foi atingido por uma espécie de projétil, que sinceramente, não faço a mínima idéia de onde viera e caiu sem vida na calçada em frente ao bar.
O bar estava totalmente deserto, com exceção da morena e eu, que estávamos sentados em mesas opostas. O silêncio era aterrador e percebi que a morena me olhava de uma forma muito sinistra. Antes que eu dissesse qualquer coisa, ela se levantou e caminhou lentamente em minha direção. Parou em pé na minha frente e ficou a me encarar.
Com um movimento brusco, apoiou suas mãos encima da mesa e, de repente, me deu tapa no rosto. Eu, ainda atordoado com o que acontecera, fiquei totalmente sem reação.
Ela me olhou e disse – Nunca mais faça isso comigo! Estava muito preocupada! – E, em seguida, me deu um beijo apaixonado, na boca. Eu, sem fazer cerimônia alguma, retribuí acaloradamente sua demonstração de carinho.
Sem mais delongas, ela me pegou pelo braço e me conduziu para fora do bar dizendo que aquele lugar não era seguro.
As únicas idéias que me passavam pela mente naquele momento eram que mulher misteriosa era aquela e que tipo de relação tínhamos. Será que éramos namorados? Ou quem sabe, casados? Será que ela era boa de cama? Pude perceber que era muito linda e que possuía um corpo quase perfeito.

continua....

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