segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Doze Mãos: Cap 5 e 6



Capítulo cinco


Engraçado, pensei eu, deve existir um lugar realmente aconchegante para que, para ficar comigo, ela queira passar por esse corredor escuro, cheio de homens fedorentos e capangas fortemente armados e deveras ameaçadores.
- OK – disse um deles, com uma voz um tanto jovem, quando eu já estava amarrado numa cadeira.
- OK – eu respondi cordialmente.
Sussurros.
- Você se acha muito esperto – disse ele.
- Você não sabe o quanto – respondi automaticamente.
- Você não sabe quem eu sou.
- E você sabe?
Sussurros.
Apanhei durante meia hora.
- Você há de perdoar meu filho – disse um deles – Novo nos negócios, eu o trago para essas missões de treinamento, embora ele simplesmente pareça não evoluir na arte da tortura e interrogatório.
- Desculpado – disse eu, cuspindo um dente entre a segunda e a terceira sílaba.
- Obrigado – disse o jovem.
- Você é Henrique Dias Huinz, o irmão do Capitão Geral da Brigada do Povo? – disse o pai do garoto, muito mais mal educado que ele.
- Ora, pois, sim.
- Queremos a arma – ele disse.
- Que arma?
- A arma. Que seu irmão lhe confiou, e você escondeu em algum lugar – disse, dessa vez demonstrando irritação. Se ele ao menos soubesse o quanto seu bafo era intimidador, não perderia tempo mudando a entonação da voz.
- Não sei do que se trata.
Apanhei por mais meia hora, embora dessa vez meu senso sobre o tempo tenha ficado prejudicado porque, depois dos primeiros quinze minutos, eu tivesse começado a sentir o corpo novamente.
- Pronto pra falar? – disse o jovem.
- Eu nasci pronto – respondi.
Silêncio.
- E então?
- É um revólver bucal. Está instalado no barman.
- Você mente – disse, parecendo entusiasmado por ter arrancado uma informação de mim. Engraçado, me importavam mais os pedaços físicos que tiveram o mesmo destino.
- Sim. Mas se eu realmente dissesse que ela estava gorda...
- Não! Estou falando que você está mentindo agora.
- Claro. Você me pergunta algo que não sei do que se trata, sem nem ao menos se apresentar, e...
- Sou Higor de Har.
O nome era famoso. Não tinha certeza se era um por que havia alguém com esse nome na minha turma de dança ou se esse era o verdadeiro Higor de Har, filho de Heitor de Har, o Mafioso. Era uma honra ser espancado por aqueles homens famosos. Ou, por um bailarino tão habilidoso.
- O que vocês querem? – eu disse, dessa vez realmente querendo cooperar.
- A arma. Deve estar em uma caixa, ou invólucro, ou algo do tipo.
Lembrei-me de tudo.
- Meu querido Bog nos proteja – deixei escapar entre o segundo e recém-adquirido terceiro lábio.
- O que houve? – perguntou o pai, Heitor de Har.
- Fomos todos enganados. Eu, vocês, o governo da Nova República. - O que é a arma? – disseram uns quatro ou cinco deles ao mesmo tempo, embora eu pudesse discernir um pedido de ‘posso ir ao banheiro’ entre eles.
Pensei em como explicar que um homem chamado Ruy havia me embebedado por semanas a fio, com o objetivo de me transformar num peão, e de absorver todas as informações de que precisasse. E de se livrar de mim, sem ter de sujar as mãos. Simplesmente discutindo comigo e me mandando ir comprar comida, sabendo que eu fugiria para beber.
- Um homem narigudo chamado Ruy tem uma caixa com poder suficiente para explodir toda Novíssima Iorque. Mas esse não é o nosso maior problema.
- E qual é nosso maior problema? – indagou Higor.
- O meu é escapar com vida agora que lhes dei a informação que queriam. O seu, é escapar do raio de ação da pistola de concussão que essa loira aí atrás segura, apontando para vocês.
A mulher que havia me atraído para esta armadilha se voltava contra seus empregadores. Ela estava roubando o único que poderia encontrar Ruy, a bomba, e defeitos nos antiquados filmes 2D de Stanley Kubrik: Henrique Dias Huinz. Eu.

Capítulo (quatro e meio) seis
Esse é o sexto capítulo, no entanto, ele é o capítulo entre o cap 4 e o 5.


Eu saí do bar acompanhado por aquela mulher Linda, bela, loira de cabelos lisos e longos. Seu vestido apertado e não muito comprido me fez ficar olhando fixamente suas coxas grossas esguias quase todo tempo.
Ainda estava sob efeito da cachaça com refrigerante e ela vagava a passos firmes meio que me levando nos ombros. Na realidade ela me levava nos ombros. Pois logo que saí do bar me esborrachei ao chão e não conseguia me levantar, então ela cordialmente me colocou sobre um de seus ombros e me carregou. Eu estava com o rosto quase tocando nas suas nádegas e fiquei admirando elas e também suas belas pernas.
Não conseguia me manter em pé, mas ainda estava consciente, se bem que bêbado. Ela me carregou até um beco escuro duas quadras para baixo do Mrs. Yvone’s Little Hell onde havia uma Caravan preta. Ela delicadamente me jogou dentro do confortável e espaçoso bagageiro do veículo e me pedindo para fazer silêncio.

(Agora uma descrição inútil apenas para apimentar o texto)
No bagageiro eu notei que não estava sozinho havia uma bela e roliça companheira. Que logo que cai sobre ela senti sua maciez e depois suas garras me arranhariam. A abraçaria fortemente e passaria a mão carinhosamente por suas curvas perfeitas e redondas. Suas curvas eram firmes e não estavam muito bem depiladas, pois ainda possuía alguns pêlinhos. Ela era ao mesmo tempo quente e fria o que me deixava ainda mais excitado. Suas tatuagens em alto relevo me deixavam louco dentro do bagageiro, eram números e nomes que ela possuía tatuado em suas curvas perfeitas. E quando senti seu bico não resisti a tocá-lo. Ela era incrível e seu nome era: Estepe. Estava acompanhada de seu bicho de estimação um macaco que estava abraçado a um triangulo.
(fim da descrição inútil e apimentada).

O carro saiu vagando pelas ruas que eu não sei quais são, pois eu estava no bagageiro, lembra? O automóvel andava em alta velocidade pelos solavancos que sentia no agradável e confortável bagageiro. De repente um solavanco maior, na realidade não era um solavanco e sim uma freada brusca que fez os pneus cantarem -que anos mais tarde perceberia a semelhança com a New Alanis Morissete cantando- e eu rolar dentro do bagageiro. Ouvi alguns tiros e algumas vozes de homens gritando, tentei me encolher com medo de alguma bala acertar a traseira do veículo e com isso me ferir. Quando o som dos tiros parou e ouvi o ultimo Arg!Uhh! o porta malas se abriu e, eu não vi a luz pois era noite, apenas avistei dois vultos, sendo que um vulto me deu uma coronhada na cabeça mas eu continuei acordado então o segundo vulto falou:
- Você não aprende mesmo filho, é assim que se dá uma.... -nesse momento eu desacordei.
Quando acordei estava novamente ao lado da Linda mulher loira que me conduzia até um corredor escuro, cheio de homens fedorentos e capangas fortemente armados e deveras ameaçadores. Esses homens me levaram para uma salinha escura, úmida, cheia de instrumentos assustadores e uma cadeira desconfortável com fivelas de couro nos braços e nos pés da mesma, não havia nenhum sistema elétrico nela, isso era um alivio, pois não era uma cadeira elétrica. Se bem que havia alguns aparelhos eletrônicos e fios desencapados em cima de uma mesa em frente à cadeira e algumas latas de óleo e funis, além de diversos pedaços de pau, cassetetes, chicotes etc.. Fui cordialmente convidado a me sentar por meio de tapas e empurrões, logo após me sentar fui gentilmente amarrado à cadeira.
E a partir de agora você já sabe, pois leu o capitulo anterior.

continua...

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